terça-feira, 15 de maio de 2012

O texto teatral


ORIGEM:
A história do teatro remonta desde a Grécia antiga (séc. V a. C.), na qual a representação teatral era concebida como a principal atividade artística. Encenavam-se peças, em especial as tragédias, cujo intuito era conduzir os expectadores à catarse - uma espécie de purificação da alma, dada pela liberação das emoções.
 Com o passar do tempo, novas modalidades foram se incorporando ao gênero dramático, tais como:
As comédias: representações nas quais a temática perfaz-se de fatos circunstanciais e corriqueiros, tendo pessoas pertencentes às classes populares como personagens;
O auto: uma peça curta e de cunho religioso, cuja temática liga-se a entidades abstratas, também chamadas de alegorias (amor, hipocrisia, bondade, virtude, dentre outras);
A farsa: voltada para a sátira dos costumes sociais. 
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Com o surgimento  das novas modalidades do texto dramático, a catarse foi sumindo e dando lugar ao protesto, às denúncias  das injustiças sociais e reflexões filosóficas sobre a existência humana.
CARACTERÍSTICAS DO TEXTO TEATRAL/DRAMÁTICO:
  • O texto teatral se assemelha ao texto narrativo pois possui todos os seus elementos, exceto narrador;
  • Não há necessidade de narrador, pois a história se desenrola por meio de diálogos;
  • Os diálogos são indicados por meio dos nomes dos personagens, que aparecem em destaque, seja por meio de letras de forma ou em negrito, separados  por um hífen;
  • O discurso empregado nos diálogos é o discurso direto, ou seja, mantém-se a fala original dos personagens;
  • Para explicar  as ações, marcações de cena, expressões faciais e corporais(estado de ânimo) dos personagens, indicar música, figurino, iluminação, etc, escrevemos textos entre parênteses ou em itálico, que são chamados de rubricas;
  • A variedade e o nível linguístico do texto teatral podem variar de acordo com o perfil dos personagens e do contexto;
  • Há a existência do conflito: situação caracterizada por uma oposição e uma luta de vontades entre os personagens, condicionando a plateia/leitor a criar uma expectativa em relação aos fatos presenciados ou lidos.
O AUTO DA COMPADECIDA- ARIANO SUASSUNA
JOÃO GRILO- Ele diz “à misericórdia”, porque sabe que, se fôssemos julgados pela justiça, toda a nação seria condenada.
PALHAÇO- Auto da Compadecida! (Cantando.) Tombei, tombei, mandei tombar!
ATORES, respondendo ao canto - Perna fina no meio do mar.
PALHAÇO- 0i, eu vou ali e volto já.
ATORES, saindo- Oi, cabeça de bode não tem que chupar.
PALHAÇO- O distinto público imagine à sua direita uma igreja, da qual o centro do palco será o pátio. A saída para a rua é à sua esquerda. (Essa fala dará ideia da cena, se adotar uma encenação mais simplificada e pode ser conservada mesmo que se monte um cenário mais rico.) O resto é com os atores.
(Aqui pode-se tocar uma música alegre e o Palhaço sai dançando. Uma pequena pausa e entram Chicó e João Grilo).
JOÃO GRILO- E ele vem? Eu estou desconfiado, Chicó. Você é tão sem confiança!
CHICÓ- Eu, sem confiança? Que é isso, João, está me desconhecendo? Juro como ele vem. Quer benzer o cachorro da mulher para ver se o bicho não morre. A dificuldade não é ele vir, é o padre benzer. O bispo está aí e tenho certeza de que o Padre João não vai querer benzer o cachorro.
JOÃO GRILO- Não vai benzer? Por quê? Que é que um cachorro tem de mais?
CHICÓ- Bom, eu digo assim porque sei como esse povo é cheio de coisas, mas não é nada de mais.
[...]
O TEATRO NO BRASIL
O teatro brasileiro surgiu quando Portugal começou a fazer do Brasil sua colônia (Século XVI). Os Jesuítas, com o intuito de catequizar os índios, trouxeram não só a nova religião católica, mas também uma cultura diferente, em que se incluía a literatura e o teatro.
Aliada aos rituais festivos e danças indígenas, a primeira forma de teatro que os brasileiros conheceram foi a dos portugueses, que tinha um caráter pedagógico baseado na Bíblia. Nessa época, o maior responsável pelo ensinamento do teatro, bem como pela autoria das peças, foi Padre Anchieta.
O teatro realmente nacional só veio se estabilizar em meados do século XIX, quando o Romantismo teve seu início. Martins Pena foi um dos responsáveis pôr isso, através de suas comédias de costumes. Outros nomes de destaque da época foram: o dramaturgo Artur Azevedo, o ator e empresário teatral João Caetano e, na literatura, o escritor Machado de Assis.
ESTRUTURA DO TEXTO TEATRAL
  • Geralmente, o texto teatral apresenta a seguinte estrutura:
  • Título;
  • Rubricas;
  • Diálogos.
  • Nas rubricas, temos as indicações de cenas, de entrada dos personagens e todas as informações técnicas para a equipe envolvida  na montagem da peça.

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