ORIGEM:
A história do teatro
remonta desde a Grécia antiga (séc. V a. C.), na qual a representação teatral
era concebida como a principal atividade artística. Encenavam-se peças, em
especial as tragédias, cujo intuito era conduzir os expectadores à catarse -
uma espécie de purificação da alma, dada pela liberação das emoções.
Com o passar do tempo, novas modalidades foram se
incorporando ao gênero dramático, tais como:
As comédias: representações nas quais a temática perfaz-se de fatos
circunstanciais e corriqueiros, tendo pessoas pertencentes às classes populares
como personagens;
O auto: uma peça curta e de cunho religioso, cuja temática liga-se a entidades
abstratas, também chamadas de alegorias (amor, hipocrisia, bondade, virtude,
dentre outras);
A farsa: voltada para a sátira dos costumes sociais. .
Com o surgimento das novas modalidades do texto dramático, a
catarse foi sumindo e dando lugar ao protesto, às denúncias das injustiças sociais e reflexões
filosóficas sobre a existência humana.
CARACTERÍSTICAS
DO TEXTO TEATRAL/DRAMÁTICO:
- O texto teatral se
assemelha ao texto narrativo pois possui todos os seus elementos, exceto
narrador;
- Não há necessidade de
narrador, pois a história se desenrola por meio de diálogos;
- Os diálogos são
indicados por meio dos nomes dos personagens, que aparecem em destaque, seja
por meio de letras de forma ou em negrito, separados por um hífen;
- O discurso empregado
nos diálogos é o discurso direto, ou seja, mantém-se a fala original dos
personagens;
- Para explicar as ações, marcações de cena, expressões
faciais e corporais(estado de ânimo) dos personagens, indicar música, figurino,
iluminação, etc, escrevemos textos
entre parênteses ou em itálico, que são chamados de rubricas;
- A variedade e o nível
linguístico do texto teatral
podem variar de acordo com o perfil dos personagens e do contexto;
- Há a existência do
conflito: situação caracterizada por uma oposição e uma luta de vontades entre
os personagens, condicionando a plateia/leitor a criar uma expectativa em relação aos fatos
presenciados ou lidos.
O
AUTO DA COMPADECIDA- ARIANO SUASSUNA
JOÃO GRILO- Ele diz “à misericórdia”, porque sabe que,
se fôssemos julgados pela justiça, toda a nação seria condenada.
PALHAÇO- Auto da Compadecida! (Cantando.) Tombei,
tombei, mandei tombar!
ATORES, respondendo ao canto - Perna fina no meio do
mar.
PALHAÇO- 0i, eu vou ali e volto já.
ATORES, saindo- Oi, cabeça de bode não tem que chupar.
PALHAÇO- O distinto público imagine à sua direita uma
igreja, da qual o centro do palco será o pátio. A saída para a rua é à sua
esquerda. (Essa fala dará ideia da cena, se adotar uma encenação mais simplificada e
pode ser conservada mesmo que se monte um cenário mais rico.) O resto é com os
atores.
(Aqui pode-se tocar uma música alegre e o Palhaço sai
dançando. Uma pequena pausa e entram Chicó e João Grilo).
JOÃO GRILO- E ele vem? Eu estou desconfiado, Chicó. Você é tão sem
confiança!
CHICÓ- Eu, sem confiança? Que é isso, João, está me
desconhecendo? Juro como ele vem. Quer benzer o cachorro da mulher para ver se
o bicho não morre. A dificuldade não é ele vir, é o padre benzer. O bispo está
aí e tenho certeza de que o Padre João não vai querer benzer o cachorro.
JOÃO GRILO- Não vai benzer? Por quê? Que é que um
cachorro tem de mais?
CHICÓ- Bom, eu digo assim porque sei como esse povo é
cheio de coisas, mas não é nada de mais.
[...]
O TEATRO NO BRASIL
O teatro brasileiro
surgiu quando Portugal começou a fazer do Brasil sua colônia (Século XVI). Os
Jesuítas, com o intuito de catequizar os índios, trouxeram não só a nova
religião católica, mas também uma cultura diferente, em que se incluía a
literatura e o teatro.
Aliada
aos rituais festivos e danças indígenas, a primeira forma de teatro que os
brasileiros conheceram foi a dos portugueses, que tinha um caráter pedagógico
baseado na Bíblia. Nessa época, o maior responsável pelo ensinamento do teatro,
bem como pela autoria das peças, foi Padre Anchieta.
O
teatro realmente nacional só veio se estabilizar em meados do século XIX,
quando o Romantismo teve seu início. Martins Pena foi um dos responsáveis pôr
isso, através de suas comédias de costumes. Outros nomes de destaque da época
foram: o dramaturgo Artur Azevedo, o ator e empresário teatral João Caetano e,
na literatura, o escritor Machado de Assis.
ESTRUTURA DO TEXTO TEATRAL
- Geralmente, o texto
teatral apresenta a seguinte estrutura:
- Título;
- Rubricas;
- Diálogos.
- Nas rubricas, temos
as indicações de cenas, de entrada dos personagens e todas as informações
técnicas para a equipe envolvida na
montagem da peça.