Sobre o autor
Afonso Henriques de Lima Barreto (Rio de Janeiro, 13 de maio de 1881 - Rio de Janeiro, 1 de novembro de 1922), melhor conhecido como Lima
Barreto, foi umjornalista e
um dos mais importantes escritores libertários[1] brasileiros.
Era filho de João Henriques de Lima Barreto (negro
nascido escravo)
e de Amália Augusta (filha de escrava agregada da família Pereira Carvalho). O
seu pai foi tipógrafo.
Aprendeu a profissão no Imperial
Instituto Artístico, que imprimia o periódico "A Semana Ilustrada".
A sua mãe foi educada com esmero, sendo professora da
1ª à 4ª séries. Ela faleceu quando ele tinha apenas 6 anos e João Henriques
trabalhou muito para sustentar os quatro filhos do casal. João Henriques
era monarquista,
ligado aovisconde de Ouro Preto,
padrinho do futuro escritor. Talvez as lembranças saudosistas do fim do período
imperial no Brasil, bem como as remotas lembranças da Abolição
da Escravatura na infância tenham vindo a exercer influência sobre a
visão crítica de Lima Barreto sobre o regime republicano.
Personagens
POLICARPO
QUARESMA –
o protagonista, cuja principal característica é o nacionalismo exacerbado. Nas
palavras do autor, “um homem pequeno, magro, que usava pincenez,
olhava sempre baixo, mas, quando fitava alguém ou alguma cousa, os seus olhos
tomavam, por detrás das lentes, um forte brilho de penetração, e era como se
ele quisesse ir à alma da pessoa”. Policarpo vestia-se sempre de fraque, “e era
raro que não se cobrisse com uma cartola de abas curtas e muito alta, feita
segundo um figurino antigo”.
ADELAIDE –
mulher bonita, mas de temperamento apático. Irmã de Policarpo, tem enorme
apreço por ele.
VICENTE
COLEONI –
italiano, grande amigo do protagonista, com quem tinha uma dívida de gratidão:
Policarpo lhe emprestara dinheiro uma vez, tirando-o de grande dificuldade.
OLGA –
filha de Vicente Coleoni, afilhada de Policarpo, vivia com o pai num palacete em
Real Grandeza.
ANASTÁCIO – empregado fiel que se muda, com Adelaide e Policarpo, para o sítio Sossego.
RICARDO CORAÇÃO DOS OUTROS – violonista popular, outro grande amigo de Policarpo.
GENERAL ALBERNAZ – general aposentado, nunca participou de nenhuma guerra. Tem cinco filhas: Quinota, Zizi, Lalá, Vivi e Ismênia.
ANASTÁCIO – empregado fiel que se muda, com Adelaide e Policarpo, para o sítio Sossego.
RICARDO CORAÇÃO DOS OUTROS – violonista popular, outro grande amigo de Policarpo.
GENERAL ALBERNAZ – general aposentado, nunca participou de nenhuma guerra. Tem cinco filhas: Quinota, Zizi, Lalá, Vivi e Ismênia.
CONTRA-ALMIRANTE
CALDAS –
grande amigo do general Albernaz, com quem partilha glórias inventadas. Nunca comandou
navio nenhum, a única embarcação que lhe foi designada não existia.
DONA MARICOTA – mulher de Albernaz, figura altiva e opulenta.
DONA MARICOTA – mulher de Albernaz, figura altiva e opulenta.
ARMANDO BORGES – médico que se casa com Olga, corrupto e ambicioso, é desprezado pela esposa.
FELIZARDO E CANDEEIRO – empregados do sítio Sossego.
TENENTE ANTONIO DUTRA – homem gordo e guloso, um escrivão cheio de ambições políticas, usa a imprensa da cidade de Curuzu para atacar Policarpo.
DOUTOR CAMPOS – médico que abandonara a profissão para se tornar político. Obtém o cargo de presidente da Câmara de Curuzu. Tenta corromper Policarpo e em seguida se torna seu inimigo porque esse se recusa a tomar parte na armação.
Tempo
Trata-se
de um tempo cronológico.
Retrata datas e convenções próprias para estabelecer
o tempo.
O
autor ainda faz referências ao relógio,
horas exatas em toda a obra.
Espaço
A
história ocorre durante o governo de Floriano Peixoto, em 1894, na cidade do
Rio de Janeiro. O personagem principal, quando não estava trabalhando em casa,
muda-se para uma fazendo no Curuzu.
Enredo
A questão da identidade nacional brasileira é difícil. Se,
na Europa, esse tema se construiu sobre tradições populares ancestrais, no
Brasil, por falta delas, ele foi, inicialmente, lapidado em cima de um passado
inventado pelos escritores do Romantismo, de modo idealizado.
A conjunção harmoniosa de índios, negros e europeus, a
sobreposição de valores, a construção do herói modelar, o triunfo do bem são,
na realidade, a repetição ingênua dessa identidade forjada e, portanto,
falhada. É nesse ponto que começa o Triste Fim de Policarpo Quaresma de Lima
Barreto, um livro que revela não só o engodo do projeto criado pelos escritores
românticos, mas também a dificuldade de articulação de um conceito de
identidade nacional no país.
Policarpo Quaresma é, antes de tudo, nacionalista. Ama o
Brasil acima de si próprio e de si próprio abriu mão para viver em prol do
engrandecimento da Pátria.
Estudou com afinco o país, acreditando piamente nos livros de sua biblioteca, que o narrador refere como romântica e, cotidianamente, chega à repartição pública onde trabalha com uma excelência da geografia brasileira, comportamento ironizado pelos companheiros de trabalho. Longe da realidade, começa a construir projetos de brasilidade.
Estudou com afinco o país, acreditando piamente nos livros de sua biblioteca, que o narrador refere como romântica e, cotidianamente, chega à repartição pública onde trabalha com uma excelência da geografia brasileira, comportamento ironizado pelos companheiros de trabalho. Longe da realidade, começa a construir projetos de brasilidade.
O primeiro, baseado em suas leituras, é montado sobre a
cultura do índio, elemento usado no Romantismo como símbolo de identidade
nacional, já que aqui estava ainda antes de o português chegar. Foi seu
primeiro erro. Nem seus amigos compreenderam sua tentativa: Lima Barreto marca
o estranhamento da conjunção cultural e ética proposta pelos escritores
românticos, quando confrontada com a realidade.
O
hospício é a natural conseqüência. Então Lima Barreto desiste de aproximar
identidade nacional de identidade cultural e étnica, partindo para o
engrandecimento da Pátria por meio de um projeto agrícola científico,
especulado pela realidade: saúvas, tiriricas, pragas, dificuldade de
comercialização, oportunismo político, questões fundiárias... O segundo projeto
queda frustrado também.
Policarpo
não desiste. Seu terceiro plano é na esfera política, o centro das decisões:
resolve, além de entregar a Floriano Peixoto um memorial cujo tema é a salvação
nacional, engajar-se ao lado da ordem republicana contra a Revolta da Armada,
que a ameaçava. Não via ele que a República amordaçava o povo com a morte
quando esse se rebelava contra a marginalização de que era vítima.
No
entanto, essa realidade era tão forte que, por maior que fosse o sonho de
Policarpo, ela terminaria por vir à tona: a ordem republicana vitoriosa,
indiscriminadamente, pune a todos que ousam discordar dela e, de tão
arbitrária, alcançou Policarpo, que a defendia.
Seu terceiro projeto foi atropelado pela realidade. Pobre Policarpo Quixote Quaresma! Na sua trajetória, foi obrigado a ver as feridas e as mazelas brasileiras, seu conceito de Pátria morreu com ele. E, agora, o que é Nacionalismo?
Seu terceiro projeto foi atropelado pela realidade. Pobre Policarpo Quixote Quaresma! Na sua trajetória, foi obrigado a ver as feridas e as mazelas brasileiras, seu conceito de Pátria morreu com ele. E, agora, o que é Nacionalismo?
Lima
Barreto, simbolicamente, aponta as engrenagens da História: Pátria, ao fim e ao
cabo, é uma construção, não um sonho; é um processo de enfrentamento da
realidade, não de idealismo, Amar a Pátria significa participar da criação de
todos, para todos - Policarpo Quaresma está vivo dentro dos que querem um país
que abrigue todos os brasileiros.
Foco narrativo
Narrador
em 3ª pessoa